segunda-feira, 15 de março de 2010

Cartas de Jorge

Belo Horizonte, 10 de fevereiro de 2010,

Marisinha,
Recebi um dinheiro adiantado do meu vencimento e estou lhe enviando pra quitar minha dívida com o seu marido João.
Meu patrão é um cara muito gente boa, esperto pra negócios. A galeria que ele montou está dando muito certo. Estou adorando o emprego, exceto que, de vez em quando, um ou outro malandro entra lá pra aprontar com os lojistas, mas no geral é um serviço muito tranquilo. Na noite passada eu fiz meu primeiro turno noturno, revezando com o outro vigia. Daqui pra frente serão dois turnos diurnos, e um noturno. Achei a escala boa, dá pra gente descansar bem.
Durante a noite a gente escuta umas bagunças na rua, barulho de polícia, coisa desses drogados arrumando confusão. Ontem parou uma viatura bem em frente a galeria e os PM’s revistaram três sujeitos esquisitos. Ninguém foi preso.
Mas no geral, tudo tem sido bastante calmo. Passo praticamente o dia todo conversando com os lojistas do térreo. A maioria é de jovens estudantes. Bons de papo.

Parece que em breve vão abrir uma espécie de bar no segundo andar, vai ter até música ao vivo! Aí não vou precisar levar mais meu radinho pra me distrair no serviço, né?

Me lembro quando trabalhava na mineradora, quando eles “arrancavam o couro” da gente de tanto trabalho...
Graças a Deus, tudo mudou!
Estou morando num barracão muito arrumadinho, perto de Venda Nova. Tem uma sala com cozinha, e um quarto com banheiro. A dona do loteamento é minha vizinha, e fez um preço camarada pra mim. Pego só um ônibus pra estação e depois pego o metrô. Rapidinho estou no trabalho. É uma maravilha! Nossa cidade devia ter um metrô também, já pensou? Toda cidade deveria ter um, é bem melhor que ônibus. Quando vocês vierem pra Belo Horizonte levo vocês pra passearem de metrô comigo. A minha netinha vai adorar!

Minha filha, fique com Deus e mande um abraço pro João e um beijo pra Maria Eduarda por mim.
Ass.: Jorge.

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