Olhar e não ver é o que, a maioria de nós, simples vagantes, fazemos...
O caminho trabalho-casa é apenas o trajeto, um obstáculo entre o fim do expediente de trabalho e a chegada em casa. Não passeamos pela cidade, mas corremos dela e o lar é o nosso refúgio. Poucos olhos são treinados para ver uma beleza no cotidiano, para ver possibilidades em um espaço qualquer no qual ninguém mais pára para olhar. E comigo não era diferente, quantas vezes quis que esse espaço entre meu trajeto do trabalho a minha casa fosse menor, que existisse um número menor de pessoas circulando pela cidade... Pessoas "normais", só mudam seus olhares quando sofrem um impacto por meio de alguma mudança radical e foi o que me ocorreu.
Alguém teve esse olhar para um simples galpão localizado na Rua Guaicurus no hiper-centro de Belo Horizonte, um local mais que inesperado para qualquer tipo de investimento cultural, por onde eu passava diariamente sem nunca ter realmente notado a presença dessa construção.

Vista do galpão em perspectiva (Digital)
Mas agora mais do que simplesmente chamar a atenção, o lugar brincava com minhas sensações. Eu não sabia se era a nostalgia que me atraia ou a curiosidade pelo novo. Foi exatamente isso! Não sabia se aquilo me remetia ao passado, ao modelo mais que familiar de uma indústria, eu que sempre trabalhei no setor industrial, jamais vi algo parecido com aquilo. Foi a primeira vez que me interessei pela arquitetura, antes mesmo de saber o que realmente era, antes de saber quem era o responsável pelas sensações que os ambientes nos transmitiam...
Eu nem mesmo conseguia identificar a utilidade do local. Mas dessa vez a curiosidade foi maior do que a intimidação, que normalmente esse tipo de construção grandiosa me causava... Achava que não eram projetados apenas para mim, eram projetos para uma classe a qual eu não me encaixava ou que um dia fosse pertencer. Mas dessa vez era diferente então entrei...
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