quarta-feira, 10 de março de 2010

Perambular com inteligência!


Perder-se no caminho só pra depois poder se achar, não saber de onde vem, pra onde vai, saber apenas que se vai. Pra um lugar ou para um não lugar, desconhecidos de preferência. Como errantes somos movidos pela curiosidade, transportamo-nos para novos mundos, novas experiências, perambulando com inteligência, nos deixando levar pelas ruas, experimentando a cidade de forma sensitiva, sem medo de se perder ou do que possa encontrar.
“É preciso ter espírito vagabundo, cheio de curiosidades malsãs e os nervos com um perpétuo desejo incompreensível, é preciso ser aquele que chamamos flâneur e praticar o mais interessante dos esportes – a arte de flanar.
Flanar! Aí está um verbo universal sem entrada nos dicionários, que não pertence a nenhuma língua! Que significa flanar? Flanar é o ser vagabundo e refletir, é ser basbaque e comentar, ter o vírus da observação ligado ao da vadiagem. Flanar é ir por aí, de amanhã, de dia, à noite, (...)
É vagabundagem? Talvez. Flanar é a distinção de perambular com inteligência. Nada como o inútil para ser artístico, (...) E é então que haveis de pasmar da futilidade do mundo e da inconcebível futilidade dos pedestres da poesia de observação (...)
Eu fui um pouco esse tipo complexo, e, talvez por isso, cada rua é para mim um ser vivo e imóvel.”
Trecho tirado do livro A Alma encantadora das ruas de João do Rio.

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