segunda-feira, 15 de março de 2010

É isso: SOU UMA PROSTITUTA

-Eu sou Marli, prostituta.

As pessoas se assustam quando eu falo da minha profissão com tão pouca cerimônia. Mas essa rispidez com que falo é minha realidade.

Saí da minha cidade, aos 18 anos, com O sonho interiorano: uma “vida melhor”. Larguei uma família amorosa que agora, 20 anos mais tarde descobri que nunca mais veria. Chamo de família amorosa, pois mesmo não concordando com a minha decisão, juntaram dinheiro e me deram apoio para a minha viagem à cidade grande. Assim como eu havia prometido, eles pensaram que eu voltaria médica. Afinal nunca me faltou disposição para estudar e força para trabalhar. Talvez por essa promessa, que eu nunca cumpriria, tenha me faltado coragem de voltar para minha casa.

Estava sozinha na cidade. Sem dinheiro, sem emprego, sem apoio. As oportunidades que me apareciam eram indecentes. No principio neguei, mais quando dei por mim, eu estava me vendendo em um quartinho de hotel na Rua Guaicurus.

A dor de ter que admitir que minha vida, agora, se resumia em uma cama me consumia. Mas, sozinha na vida, descobri que não havia outra opção a não ser encarar a minha realidade.

É isso: SOU UMA PROSTITUTA.

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